“A Paixão de Joana d’Arc” é uma obra-prima do cinema mudo que narra os momentos finais da vida de Joana d’Arc, a heroína francesa e santa católica, focando principalmente em seu julgamento e execução. O filme é baseado nos registros autênticos do julgamento de Joana em 1431, oferecendo uma representação dramática e emocionalmente carregada de sua luta e martírio.

O filme começa com a captura de Joana pelas forças borgonhesas, aliadas dos ingleses, e sua subsequente entrega aos líderes eclesiásticos para julgamento. Acusada de heresia e bruxaria por suas visões religiosas e pelo papel que desempenhou na Guerra dos Cem Anos, Joana enfrenta um tribunal hostil composto por clérigos que buscam sua condenação.

A narrativa é intensamente focada no rosto e nas expressões de Joana, interpretada magistralmente por Renée Jeanne Falconetti em uma das mais notáveis performances da história do cinema. Dreyer utiliza close-ups penetrantes para capturar a intensidade do sofrimento emocional e a resiliência de Joana, enquanto ela responde às acusações e às manipulações dos juízes que tentam fazer com que ela renuncie a suas visões e confesse ser guiada por forças demoníacas.

À medida que o julgamento avança, Joana é submetida a torturas físicas e psicológicas, mas mantém sua fé e convicções. Sua firmeza e a profundidade de sua fé são destacadas de maneira tocante, contrastando com a malevolência e a corrupção dos seus acusadores. O filme culmina com sua condenação à morte na fogueira, uma cena poderosa e comovente que é icônica na história do cinema.

O estilo visual do filme é notável por seu minimalismo e pela utilização de luz e sombra, que complementam a narrativa emocional e aumentam a sensação de isolamento e opressão enfrentados por Joana. A ausência de maquiagem nos atores, uma escolha estilística de Dreyer, adiciona um elemento de realismo cru e intensifica a expressividade de suas performances.